#LULA
O futuro é da economia do conhecimento
Lula atualizou seu pensamento sobre a retomada da industrialização. Parece ter sido convencido de que estamos longe da indústria contemporânea
Sérgio Abranches, para HeadlineNa economia, Lula quer mirar outro patamar para o Brasil na economia global. “O Brasil pode e deve figurar na primeira linha da economia global”. A principal diferença entre o “Lula 3” e seus governos anteriores foi a substituição de uma visão retrógrada de indústria por uma contemporânea.
Não se ouviu mais o Lula cuja defesa da indústria levou à política de campeões nacionais que não deu certo. Não houve ganhos de competitividade ou produtividade na indústria brasileira, que continuou ineficiente e dependente do Estado.
O que se ouviu, foi outro discurso, apontando para a indústria contemporânea. “O futuro pertencerá a quem investir na indústria do conhecimento”, disse e prometeu que ela será objeto “de uma estratégia nacional, planejada em diálogo com o setor produtivo, centros de pesquisa e universidades”.
Lula disse mais, que “nenhum outro país tem as condições do Brasil para se tornar uma grande potência ambiental, a partir da criatividade da bioeconomia e dos empreendimentos da socio-biodiversidade”. Prometeu dar início à transição “energética e ecológica para uma agropecuária e uma mineração sustentáveis, uma agricultura familiar mais forte, uma indústria mais verde”.
Lula não propõe abandonar os setores mais tradicionais, mas parece ter se convencido de que o futuro é outro e, nele, o Brasil pode dar certo.
No campo mais tradicional, Lula disse que o “Brasil é grande demais para renunciar a seu potencial produtivo”. Para ele, “não faz sentido importar combustíveis, fertilizantes, plataformas de petróleo, microprocessadores, aeronaves e satélites”. Aposta que “temos capacidade técnica, capitais e mercado em grau suficiente para retomar a industrialização e a oferta de serviços em nível competitivo”.
* Sérgio Abranches é sociólogo, cientista político e escritor. É autor de “Presidencialismo de coalizão”.